
O Calciopoli foi o termo criado pela imprensa italiana para definir o escândalo do campeonato italiano 2006. As investigações da época descobriram um grande esquema de manipulação de resultados, que afetaram diretamente a classificação da Serie A.
Entre todos os envolvidos no escândalo, como a federação de futebol e de árbitros, os principais acusados ainda foram os clubes. No Calciopoli, foram condenados: Juventus, Milan, Lazio, Fiorentina, Arezzo e Reggina.
O escândalo aconteceu justamente no último ano de glória da Azzurra, quando venceu a Copa do Mundo. As revelações chocaram o campeonato italiano à época, mas suas consequências ecoaram até os últimos anos. A palavra final sobre o esquema, dando “nomes aos bois”, foi selada somente em 2015, 9 anos depois.

A descoberta das armações abriu caminho para consequências inimagináveis, além dos próprios resultados combinados. Na Itália, como muitos países na Europa, há o costume (legal) de apostar em competições esportivas. Esse universo também foi afetado e entrou em colapso.
Admiravelmente, o futebol italiano sobreviveu a essa crise. Muito por causa das investigações e punições aplicadas. Aos clubes e não às pessoas, é verdade. O desprestígio que conhecemos hoje, por falta de qualidade e dinheiro, foi iniciado anos depois.
Como funcionava a manipulação do Calciopoli
Conforme reportaram os jornais, como o Sky Sports da Itália, tudo começou em 2005. O Ministério Público de Turim abriu investigações após escutas e documentos obtidos que denunciavam o crime. Porém, o processo acabou arquivado, mas foi reaberto por magistrados em Nápoles e Roma.
Resumidamente, eis o que acontecia: dirigentes de clubes participavam diretamente das decisões de quais árbitros apitariam seus jogos. Mais: eles os influenciavam a favorecer seus times a ponto de, segundo relatos de blogs italianos, ameaçarem aqueles que não concordassem.



No centro de todo o escândalo ficaram Luciano Moggi e Antonio Giraudi, dirigentes e nomes fortes da Juventus 2006. Além deles, destaca-se a renúncia do presidente da Federação Italiana de Futebol, Franco Carraro.
As punições do Calciopoli aos clubes
Juventus
A Vecchia Signora foi a principal envolvida e punida em todo o esquema. Ver a Juventus na Serie B foi o que restou após inúmeras denúncias de armações. Ela perdeu os títulos 2004-2005 e 2005-2006, sendo que neste acabou sem o título por ser mandada judicialmente para a última posição.



Os scudetti ficaram com a Inter e a Juventus disputou a Serie B na temporada seguinte, começando com -9 pontos. Diante do desmanche inevitável, foi até honroso ver Del Piero, Buffon e Camoranesi continuarem no clube.
Milan
Assim como os demais clubes envolvidos, o Milan sofreu uma punição pesada, que depois foi diminuída. No final das contas, o rossonero começou a temporada 2006-2007 com -8 pontos e perdeu a vaga direta (antes conquistada) para a Champions League.
Lazio
A Lazio foi rebaixada para a Serie B, mas viu a decisão ser revogada. Sua punição final foi iniciar a temporada seguinte com -3 pontos e não disputar a antiga Copa da UEFA.
Fiorentina
A Fiorentina havia surpreendido a todos conquistando uma vaga para a Champions League. Todavia, após o escândalo, perdeu o direito de disputá-la e iniciou o campeonato com -12 pontos. A inesperado aconteceu novamente na temporada e, mesmo com o saldo negativo, conquistou a vaga novamente.
Arezzo
Nem os times da Serie B escaparam do peso da justiça. O Arezzo foi enviado da segunda para a terceira divisão, e ainda iniciou a temporada seguinte com -9 pontos.
Reggina
A participação da Reggina no escândalo sempre esteve coberta de incertezas. Mesmo assim, a punição foi aplicada, com -11 pontos e multa de 100 mil euros.
Mais de 10 depois e o que foi decidido?
O Calciopoli gerou uma investigação que durou 9 anos. O resultado? Nada. Acusações contra Moggi e Girauldi, da Juventus, por exemplo, foram retiradas. O mesmo aconteceu com o árbitro Massimo De Santis.
Não é preciso dizer que a opinião pública, incluindo imprensa e torcedores, não ficou satisfeita com a decisão dos tribunais. Aparentemente, nem a Juventus, que chegou a pedir indenização por todo o fato ocorrido.
Hoje, embora ainda gere notícia, o Calciopoli é assunto amargo e parcialmente enterrado na Itália.
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Jornalista com pós em marketing e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Criador do Golazzo, Adriano está há alguns anos publicando e noticiando sobre futebol e campeonato italiano.